domingo, 2 de março de 2008

Ellen Pompeo diz que 'Grey's Anatomy' tem adultério demais. Leia a entrevista!

Patrick Dempsey já disse para a gente que estava frustrado com as idas e vindas do romance entre Meredith e McDreamy em "Grey's Anatomy". Agora é a vez de Ellen Pompeo falar sobre os complexos relacionamentos no Seattle Grace.

Ela acha que casal feliz pode, sim, render histórias, também está impaciente com o romance enrolado da residente com o cirurgião, não gosta do excesso de adultério da série e acredita que a TV deveria transmitir mais mensagens positivas. Confira a entrevista.

Derek e Meredith vão se reconciliar, mesmo tendo se afastado no final da temporada passada?
Ellen Pompeo: O jeito que a relação deles vai continuar é típico de Derek e Meredith. Eles não podem ser felizes juntos, então os produtores precisam manter os personagens juntos, mas nem tanto. Vai ser assim sempre, até o fim da série.

Qual é o problema deles, afinal? Talvez a relação seja desigual, um ame mais o outro?
Eu acho que eles se amam muito, mas estão em momentos diferentes na vida e na carreira. Os primeiros anos de residência médica são um desafio imenso que, somado à relação ao longo das três temporadas, é muita coisa.

Mas eles não poderiam tentar resolver os problemas da relação?
Sim, eu concordo. Patrick [Dempsey, o McDreamy] e eu achamos que um casal pode estar em um relacionamento e ainda render histórias interessantes. Quer dizer, duas pessoas que têm tanta química e se amam tanto deveriam ficar juntos. E com isso surgiriam os problemas no relacionamento, e Meredith e Derek lidariam com esses problemas. Às vezes é frustrante, porque temos o poder de mandar mensagens com as histórias que contamos e acho que nós gostaríamos de passar uma mensagem mais positiva para as mulheres jovens.

Que mensagem seria essa?
Acho que a série fala muito de adultério. E eu recebo muitas cartas de fãs bem novas, de nove, dez anos. Na verdade, eu não sei porque essas crianças estão vendo a série. Na minha opinião elas são jovens demais pra assisti-la. Todo mundo na nossa série é adúltero, nós não estamos transmitindo mensagens sobre uma vida familiar saudável.

Nós sabemos que podem existir problemas em uma família e, apesar disso, ela pode permanecer unida, porque não existe família perfeita. Não existe uma situação perfeita ou um relacionamento perfeito, mas você simplesmente não abandona as pessoas porque você tem problemas. A questão é como um casal pode resolver esses problemas e ainda se amar e aceitar um ao outro como eles são, e continuar juntos. É essa a mensagem.

Com isso voltamos à questão de que não existem relacionamentos saudáveis em "Grey's".
Ninguém na nossa série está realmente comprometido com outro ser humano de forma substancial. Eu entendo que se trata de televisão, mas é um pouco frustrante. Quer dizer, nós ainda fazemos bastante sucesso. Sinto que temos sorte de ter esse emprego. Existem 750.000 amputados que voltaram do Iraque. Eles têm um futuro incerto e têm só 19 anos. Nós, atores, vamos trabalhar todos os dias e ganhamos muito dinheiro, então acho que, no fim das contas, sabemos que é só um seriado e ficamos felizes de divertir as pessoas, então não esquentamos a cabeça. Mas ao mesmo tempo, temos uma audiência imensa e gostaríamos de enviar algumas mensagens positivas, se possível. Acho que as séries de TV a cabo fazem um ótimo trabalho sendo um pouco mais polêmicas.

Se você pudesse ser mais polêmica, que assunto abordaria na série?
Eu gosto da questão dos planos de saúde. Adoraria abordar isso na série e fazer com que as pessoas se indignassem em relação a isso e ao sistema de saúde do nosso país.

Vocês recebem os roteiros finais poucos dias antes de gravar, não é isso?
Isso, recebemos só três dias antes de filmar, às vezes só um dia antes. Fazemos um ensaio e esse rascunho costuma ser completamente reescrito. A dinâmica muda bastante antes de chegar ao roteiro final.

É difícil para um ator se preparar sem saber qual vai ser a próxima etapa do personagem?
O exemplo perfeito dessa situação foi a cena de morte na terceira temporada, quando a Meredith morreu e voltou à vida. Quando caí na água, eu não sabia que estava desistindo de tudo e querendo morrer. Eu não fazia a menor idéia. Como atriz, eu acho que, se soubesse disso antes, eu teria adicionado camadas na minha atuação de modo a mostrar, alguns episódios antes desse, que a Meredith estava deprimida ou sobrecarregada e talvez pensasse em tirar umas longas férias. Eu não tinha esse conhecimento pra melhorar a minha atuação.

Por isso, atuar em uma série de TV é quase tão difícil quanto em um filme, porque você tem que ser incrivelmente criativo. Em um filme, você começa a construir as nuances da atuação e consegue planejá-la. Na televisão, nós precisamos vender essas idéias que não conhecemos totalmente e não temos o luxo do tempo, então eu preciso achar alguma outra forma de fazer o espectador pensar que a Meredith estava com idéias suicidas. Isso pode ser complicado.

O personagem da Lexie [irmã de Meredith] agora é fixo?
Ela faz parte do elenco fixo da série nesta temporada. Até onde eu sei, ela só assinou contrato por uma temporada. E Shonda [Rhimes, criadora da série] diz que ela é basicamente a irmã que teve tudo o que a Meredith não teve. Nós estamos atuando em cima dessa dinâmica. Meu pai adotou essa família e se importou apenas com eles, abandonando completamente a minha personagem. Então, foi preciso lidar com a Lexie e também com o que a Meredith acha que a Lexie roubou dela.

Isso quer dizer que vamos ter grandes questões para a Meredith lidar esse ano?
Sim, e essa relação com a irmã ainda não chegou na parte mais pesada. Nós vamos lidar com a morte da mãe dela, na qual eu estive bastante envolvida, naquela cirurgia realizada quando ela chegou ao hospital pela primeira vez com soluços. Nós estamos explorando isso de forma mais aprofundada e isso vai continuar. A relação entre elas vai ficar mais pesada quando eu vir o estado em que o pai dela está e tiver que lidar com ela e com o pai ao mesmo tempo, com tudo o que isso significa pra minha personagem.

Você passou a ver a medicina de forma diferente desde que começou a fazer papel de médica na TV?
Eu sempre respeitei os médicos, mas agora os respeito ainda mais, sabendo o quanto o trabalho deles é cansativo e quantos conhecimentos eles precisam ter. Eles precisam estar ligados o tempo todo. É a única profissão onde um erro pode causar a morte de alguém. Então, se você estiver cansado aquele dia e fizer um diagnóstico errado, o resultado pode ser desastroso. Acho que é uma profissão desvalorizada aqui nos EUA.

Por Paoula Abou-Jaoude, de Los Angeles

1 pessoas comentaram:

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More